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terça-feira, 30 de junho de 2009

Uma semana com um Walkman

A BBC Magazine ‘trocou’ um Ipod por um Walkman Sony com um garoto de 13 anos. Durante uma semana, Scott Campbell ficou utilizando a relíquia dada pela revista no lugar do seu MP3 Player. O resultado foi inesperado, principalmente para aqueles que, há alguns poucos anos, ainda tinham seus Walkmans e que um dia acharam esse aparelho o máximo da portabilidade da música.


“Levei 3 dias para descobrir que havia outro lado na fita”, diz o garoto. Parece estúpido para quem tem mais q 16 anos, mas realmente fomos ultrapassados. Imaginem quando nós que temos entre 16 e 26 anos tivermos nossos filhos, nós tentando explicar o que é analógico, contado dos discos de vinil, cacetes, CDs, DVDs.


"Uma coisa que senti falta foi o shuffle do iPod, para escolher uma música randômica. Realmente o Walkman fica devendo essa. Mas eu consegui improvisar apertando o rewind por algum tem e soltando ao acaso. Funciona, mas é trabalhoso."

O Walkman foi lançado pela Sony há aproximadamente 30 anos. Na sua época, o aparelho foi considerado uma revolução na música portátil e até pouco tempo atrás ainda tinha seus fãs.


Pelo mesmo processo que passou o Walkman, passaram também os telefones de disco (aqueles que se tinha de girar os respectivos números em um disco), o vinil, o papel carbono, a máquina de escrever, as fichas telefônicas (quem se lembra dos orelhões que funcionavam com fichas, umas moedas grandes e grossas?) e passa atualmente o DVD, o CD, a fotografia analógica (que ainda tenta resistir), e tantas outras coisas que agora não lembro.



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sexta-feira, 19 de junho de 2009

Manifesto de um solitário rouco


Em julgamento, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela não obrigatoriedade do diploma de jornalismo. A partir de agora qualquer pessoas pode exercer a profissão, dependendo apenas do meio empregador para a contratação ou não. No mais, isso só regulariza uma prática mais antiga que essa lei que caiu e que nunca parou, e também prejudica a luta por direitos dos jornalistas.

É fato que mesmo com a obrigatoriedade do diploma muitos meios, para não citar todos, tinham matérias produzidas por não formandos, ai pode-se citar muitos comentaristas, alguns colunistas e as seções de “carta dos leitores” como exemplo do que falei. Essa prática nunca parou, sempre não jornalistas puderam publicar seus textos de uma maneira ou outra.

Não há grandes mudanças para o futuro quando se fala em contratações, jornais que prezam por sua imagem, sua qualidade e sua credibilidade não irão encher suas redações com não jornalistas despreparados. Com exceção de alguns ilustres e das seções de opiniões não muito polemicas, estima-se que a prioridade ainda será dos jornalistas.

Mas tudo o que se diz agora é mera tentativa de manipulação da massa. Não se deve especular agora, parece clichê, mas só o tempo mostrará o tamanho do problema. Como estudante de jornalismo, ser pensante e consumidor dos meios noticiosos, eu defendo a obrigatoriedade do diploma, mas, agora, nada mais pode ser feito, a decisão é irrevogável.

O que realmente irritou todo jornalista não acéfalo do país foi a maneira como a profissão foi ridicularizada. Aquela que já foi conhecida como o quarto poder da republica, agora, tem de se contentar a ser comparada a profissão de cozinheiro. Pior, o “cão de guarda da democracia” foi tão menosprezado que chegou a ser considerado como não sendo nem uma ciência, nem uma filosofia, um simples nada, algo meramente reproduzível por qualquer “macaco treinado”.

A Globo diz que vai manter seus critérios de contratação, quais são esse é a duvida. Os jornais dizem manter seus jornalistas. Tudo não passou das promessas. O que me pergunto é se, agora, além de trabalhar como jornalista, qualquer um poderá requerer o registro de jornalista e, podendo assim, à sua vontade, identificar como imprensa.

Baseando-se nos mesmo critérios que derrubou a lei e na liberdade de imprensa, qualquer pessoa terá total liberdade. Como o Estado poderá controlar o fluxo de pessoas em determinadas situações onde só é permitida a presença da imprensa e de determinadas pessoas, por exemplo. A lei de imprensa não existe mais, o código de ética do jornalismo não se aplica aos não formados, não há um conselho nacional do jornalismo que controle a área como os de direito (OAB) e de medicina (CFM), sem falar que jornalistas só vendem sua força de trabalho, são submissos aos donos do meio. Então, quem vai botar ordem na “bagunça” que se tornou a imprensa brasileira?

O pior é que a culpa é toda da imprensa. Parte dos sindicatos patronais, em especial o de São Paulo, e parte nossa. Nós que, na democracia, somos o maior poder, nós que deveríamos ter movido os meios possíveis para regularizar nossa profissão o máximo possível, nós, jornalistas e estudantes de jornalista, nivelando por baixo, esperamos demais para lutar, fomos submissos demais aos donos de jornais, nos acomodamos demais à situação. Só depois da queda da lei de imprensa e, em seguida, da obrigatoriedade do diploma foi que a esmagadora maioria dos jornalistas resolveu lutar, tentar buscar algum direito.

Encerro, não só a favor da obrigatoriedade do diploma, como, principalmente, contra a forma com que nós deixamos que nos tratassem. Apóio toda e qualquer forma legal de luta a favor da profissão. Lembro que a decisão do Supremo é irrevogável, mas ainda há a possibilidade de novas leis que regulamentem a profissão. Não será tribunal nenhum que me fará desistir do jornalismo. Vamos debater a profissão. Lembro também que o período eleitoral está chegando e que nessa época os jornalistas são ainda mais necessários.